Durante muito tempo, a gestão do risco humano em cibersegurança se concentrou em uma frente bastante conhecida: campanhas de phishing. Era uma forma de medir o nível de conscientização dos colaboradores, expô-los a tentativas simuladas de ataque e, a partir daí, promover treinamentos que aumentassem a vigilância e diminuíssem a chance de um erro real. Essa abordagem foi – e ainda é – importante. Mas já não é suficiente.
O comportamento do usuário hoje precisa ser compreendido em tempo real. A superfície de ataque não é mais apenas o e-mail: está nos acessos indevidos, no compartilhamento de dados sensíveis, no uso de ferramentas não autorizadas e em uma série de decisões cotidianas que, se não forem corrigidas no momento exato, podem comprometer toda a estratégia de segurança da empresa.
Essa mudança de paradigma tem um reflexo direto em como se estrutura um programa de conscientização. E é exatamente aí que entra o conceito de coaching em tempo real.
Em vez de depender exclusivamente de campanhas periódicas, o modelo atual permite agir de forma imediata, a partir da integração com ferramentas de segurança que já monitoram o ambiente. A partir dessas informações, é possível identificar ações que representam risco (como o envio de arquivos para destinos não autorizados ou o uso de credenciais em sites suspeitos) e acionar, na hora, uma orientação clara e objetiva ao colaborador envolvido.
Essa abordagem torna o processo de conscientização mais eficaz por um motivo simples: o aprendizado ocorre no momento da ação, em um contexto real, sem ruptura no fluxo de trabalho. A pessoa envolvida compreende melhor o impacto da sua atitude e, com isso, tende a consolidar esse aprendizado com mais profundidade. E mais do que apenas evitar um erro pontual, começa a desenvolver um senso mais apurado de responsabilidade digital.
Cultura em cibersegurança: muito além do treinamento
A proposta vai além da simples correção. Trata-se de criar um ambiente no qual o comportamento seguro faz parte da cultura, e não apenas de um programa de treinamento. Ao oferecer feedbacks imediatos, personalizados e contextualizados, o processo de aprendizagem se torna contínuo, adaptável e muito mais conectado à realidade da empresa.
Esse é o movimento que temos apoiado de forma estratégica com a plataforma SecurityCoach, da Knowbe4. Com ela, conseguimos conectar sistemas já existentes como Microsoft, Crowdstrike, Netskope, Zscaler etc., coletar os logs de atividades indevidas, priorizar riscos reais e oferecer alertas e recomendações nos canais que os colaboradores utilizam no dia a dia (como Teams, Slack ou email) transformando cada incidente em uma oportunidade real de aprendizado.
É uma mudança que coloca o fator humano em um novo patamar na estratégia de segurança da informação. E que nos ajuda a responder de forma mais ágil e inteligente ao cenário de ameaças atual, onde o tempo de reação e a capacidade de adaptação fazem toda a diferença.
* Rodrigo de Castro Schiavinato Castro é Diretor Geral da Nexoria e acumula mais de 20 anos de experiência em gestão de riscos e soluções digitais voltadas à cibersegurança, proteção de dados, combate a fraudes e compliance tecnológico.